“O trabalho não precisa promover realização pessoal.”

TEXTO I

“O trabalho não deve ser visto como um fim em si mesmo, mas como um meio para atingir objetivos pessoais. A expressão “vestir a camisa da empresa” é uma ideia que pode limitar a autonomia do profissional, tornando-o apenas um seguidor da cultura organizacional sem considerar suas próprias ambições. Muitas vezes, essa mentalidade é incentivada dentro das empresas, criando um ambiente em que a motivação pessoal é deixada de lado em prol de um compromisso absoluto com os interesses corporativos. No entanto, esse modelo pode gerar frustração, pois ignora a individualidade e as verdadeiras motivações de cada trabalhador.

A sinceridade no ambiente profissional também enfrenta desafios. Respostas prontas em entrevistas de emprego, como dizer que o maior defeito é o perfeccionismo, refletem uma dificuldade em expressar a verdade de forma genuína. Muitas empresas esperam que os candidatos atendam a padrões idealizados, sem estarem realmente dispostas a lidar com respostas autênticas. Essa hipocrisia corporativa leva à construção de uma identidade profissional que muitas vezes não corresponde à realidade do indivíduo, criando um distanciamento entre o que se espera do profissional e o que ele realmente é.

Além disso, a ideia de vestir a camisa da empresa pode entrar em conflito com a busca pessoal por crescimento. Um profissional competente pode desejar utilizar seu emprego como uma ponte para alcançar seus próprios objetivos, o que não significa falta de comprometimento, mas sim uma relação mais equilibrada com o trabalho. O que realmente importa não é a adesão cega à cultura da empresa, mas sim o impacto e a contribuição do profissional dentro do seu cargo. Se a empresa não valoriza esse tipo de perspectiva, pode ser necessário repensar a relação com o trabalho e avaliar se há alinhamento entre valores e expectativas.

O trabalho deve ser encarado como um meio para a realização pessoal, não como um objetivo final. Muitos profissionais acabam se prendendo à ideia de que devem trabalhar para serem bons em suas funções, sem refletir sobre o verdadeiro propósito por trás disso. No entanto, o que realmente importa é o que o trabalho possibilita na vida do indivíduo, seja garantir o sustento da família, adquirir conhecimento ou construir uma trajetória que faça sentido para ele. Empresas crescem quando conseguem impactar positivamente tanto seus clientes quanto seus próprios funcionários, reconhecendo que a motivação pessoal é um fator essencial para a produtividade.

Por isso, é fundamental evitar a armadilha de definir a identidade exclusivamente pelo cargo ou profissão. Quando alguém se limita a dizer “sou advogado” ou “sou psicólogo”, pode acabar perdendo de vista seus verdadeiros interesses e propósitos. O trabalho deve estar a serviço da vida, e não o contrário. Encontrar razões pessoais para seguir uma carreira é mais importante do que simplesmente atender às expectativas do mercado. Em vez de vestir a camisa da empresa, o ideal é construir um caminho que faça sentido para além do ambiente corporativo, garantindo que a profissão seja um instrumento para a realização pessoal, e não uma prisão que define quem se é.”

Disponível em: https://pt.linkedin.com/pulse/trabalho-n%C3%A3o-%C3%A9-fim-meio-porque-voc%C3%AA-mais-que-um-crach%C3%A1-valter-machado (adaptado).

TEXTO II

“Aconteceu da seguinte forma: os trabalhadores estavam aqui no Piauí trabalhando nas roças, com poucas condições, sem arrumar quase nada. Aí chegou um moço, o chamado ‘gato’, e perguntou se queriam ir trabalhar no Pará. Disse que lá iam ganhar muito bem, praticamente em um mês o que ganhavam aqui em um ano, que pagaria a passagem deles e deixaria um dinheiro aqui para a família ir comprando a alimentação. Na mesma hora os trabalhadores se animaram, e um foi convidando o outro. Quando chegaram no Pará, entraram na mata sem saber pra onde iam. A mata foi ficando cada vez mais fechada e, de repente, disseram que era pra eles fazerem suas barracas. O barraco foi feito por eles mesmos, era uma barraca de lona. Os trabalhadores não tinham alojamento, compravam a mercadoria toda no comércio do próprio patrão, a um preço bem alto, e o que precisava de ferramenta de trabalho, como facão, machado, eles pegavam lá e tinham que pagar depois, também a preços altos. Quando alguém adoecia, pegava o remédio com o patrão e depois tinha que pagar. Quando fechou o primeiro mês e os trabalhadores foram ver quanto tinham para receber, se depararam com a situação de que não tinham nada e, pelo contrário, estavam devendo o patrão e não podiam ir embora enquanto não pagassem”.

O depoimento é de Francisco José dos Santos Oliveira, o Chiquinho, presidente da Associação do Assentamento Nova Conquista. O assentamento, que fica no município de Monsenhor Gil, no Piauí, reúne trabalhadores libertados dessa e outras situações de escravidão contemporânea.

Disponível em: https://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/trabalho-escravo (trecho)

PROPOSTA

Com base nos textos de apoio, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “O trabalho não precisa promover realização pessoal.”, refutando ou corroborando a afirmação, tendo em vista os seguintes aspectos:
• Redija seu texto obedecendo a modalidade culta da língua portuguesa;
• utilize argumentos e fatos para fundamentar seu ponto de vista;
• consulte seu edital para dissertar de acordo com o número de linhas exijido pela banca avaliadora; e
• dê um título ao texto, caso essa seja uma exigência do seu edital.

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