TEXTO I
“Desde pequeno, Caio Bogos ouve que é curto e grosso. Não coloca panos quentes em nada. É objetivo demais e flexível de menos. Ele escutou essas críticas na escola, e no mercado de trabalho não foi diferente. ‘Minhas avaliações de desempenho eram sempre iguais: resultados em nível técnico muito bons, comportamento insatisfatório.’ Seria Caio um causador de intrigas, organizador de motins? Nada disso. O que ele sempre escutou de seus gestores foi: ‘Você tem de melhorar sua comunicação’ ou ‘interagir mais com as pessoas’. Ir a um happy hour, quem sabe…”
“Pedro Lopez, por exemplo, é autista nível 1 de suporte. Hoje, ele tem sua própria empresa, onde tem liberdade para adotar políticas amigáveis para neurodivergentes. Mas afirma que já sofreu muito em empresas mais tradicionais pela dificuldade de entender conversas em grupo e pelo ‘cansaço absurdo’ que interações sociais podem lhe causar. ‘Eu não durava em emprego nenhum. E, se eu durasse um pouco mais de três, quatro ou seis meses, ficava doente.'”
“Thales Farias descobriu o TEA já adulto. ‘Eu hesitei por muito tempo quanto a falar ou não falar sobre o autismo, simplesmente por medo de rejeição e capacitismo’, ele afirma. No caso de Thales, um dos grandes desafios é a sensibilidade à luz e ao barulho, que volta e meia obriga que ele saia de um ambiente e se isole. ‘Antes de compreender completamente minhas limitações, crises sensoriais interrompiam meu expediente, deixando-me acuado e incapaz de funcionar plenamente.'”
“Outra profissional autista, “Gabrielle Ramos viralizou no LinkedIn com um vídeo de uma crise, causada pelo excesso de barulho e interações no escritório. Era uma crise do tipo meltdown, em que o autista perde o controle sobre seus impulsos e emoções, podendo gritar, chorar ou até se tornar agressivo por conta da sobrecarga sensorial. (Existem também as crises shutdown, mais silenciosas e discretas, em que o autista parece se desligar ou se dissociar do ambiente.)”
O IBGE estima que 85% dos autistas estejam desempregados no Brasil, embora eles sejam beneficiados pela Lei de Cotas, que determina uma participação mínima para pessoas com deficiência nas empresas. (Desde 2012, autistas são considerados, legalmente, pessoas com deficiência.)
Disponível em: https://vocerh.abril.com.br/diversidade/autistas-no-mercado-de-trabalho-desafios-e-solucoes/
TEXTO II
A pesquisa “Neurodiversidade no Mercado de Trabalho” mostra que, no ambiente de trabalho, quase a metade dos entrevistados nunca trabalhou diretamente com pessoas neurodivergentes, 21,4% tiveram experiências desafiadoras e apenas 30% considerou ter experiências positivas.
O estudo também aponta que 75% dos brasileiros estão familiarizados com o termo “neurodiversidade”, o que inclui Transtorno de Espectro do Autismo (TEA) e outras condições, sendo 48,6% com conhecimento limitado. Outros 25% nunca haviam tido contato com a expressão.
Além disso, 86,4% dos entrevistados dizem que nunca participaram de treinamentos ou programas relacionados ao tema no ambiente corporativo.
O levantamento, que ouviu 12 mil profissionais e estudantes, foi realizado pela empresa Consultoria Maya, em parceria com a Universidade Corporativa Korú, e apoio da startup Tismoo܂me e do Órbi Conecta.
“Pessoas neurodivergentes podem ter Transtorno de Espectro do Autismo (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Dislexia, Síndrome de Tourette, entre outras condições, e nenhuma delas as impede de exercer atividades profissionais. Precisamos desmistificar esses termos e normalizar a presença de pessoas atípicas no ambiente de trabalho”, comenta Francisco Paiva Jr., cofundador e CEO da Tismoo܂me.
O dia 2 de abril foi estabelecido desde 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo.
A data tem o intuito de difundir informações para a população e reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA).
PROPOSTA
Com base nos textos de apoio, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “Caminhos para a inclusão de neurodivergentes no mercado de trabalho brasileiro”, tendo em vista os seguintes aspectos:
• Redija seu texto obedecendo a modalidade culta da língua portuguesa;
• utilize argumentos e fatos para fundamentar seu ponto de vista;
• consulte seu edital para dissertar de acordo com o número de linhas exijido pela banca avaliadora; e
• dê um título ao texto, caso essa seja uma exigência do seu edital.